DEFORMAҪÕES E TENSÕES DURANTE A SOLDADURA

 

DEFORMAҪÕES E TENSÕES DURANTE A SOLDADURA

 

       Generalidades

        Deformação é alteração da forma ou dimensões das peças pela ação do calor ou aplicação de esforços mecânicos.

          As tensões residuais da soldadura, causadas pela distribuição não homogénea da temperatura nos materiais soldados, são também denominadas como tensões térmicas.

          Estas tensões térmicas, elásticas, desaparecem após a remoção das temperaturas não homogéneas que lhes deram origem.

          Quando existe uma grande diferença de temperatura, o que acontece quando o material entra em fusão, as tensões térmicas causam deformações plásticas, que originam tensões residuais que permanecem após o arrefecimento completo das peças.

          Durante o processo de soldadura, a área a soldar é aquecida significativamente, atingindo mesmo o seu ponto de fusão, relativamente à área adjacente, provocando a dilatação do material.

          Esta dilatação é constrangida pela área mais fria adjacente, o que incrementa as tensões térmicas elásticas.

          Estas tensões, em parte excedem o limite elástico do material, que por sua vez, também baixa com a elevação da temperatura. Consequentemente, a área soldada é plasticamente comprimida e, depois de arrefecida apresenta tensões residuais de tração, e na sua área envolvente aparecem tensões residuais de compressão.

          Para além destas tensões residuais serem potenciadoras de corrosão, de falha por fadiga ou por fratura frágil, em valores inferiores ao do limite de elasticidade, quando Superam o limite elástico do material, provocam deformações, que introduzem alterações na geometria final das peças soldadas.

          Se por vezes, a alteração da geometria final não é importante para o serviço a que as peças irão ser sujeitas, na maioria dos casos isto não acontece, o que obriga ao posterior alívio de tensões, quer por tratamentos térmicos, quer por aplicação de métodos mecânicos.

          Acontece que, em casos de peças de grande porte, como por exemplo, tramos de pontes metálicas, ou comportas de grandes dimensões, torna-se bastante dispendioso o posterior alívio de tensões, e em alguns casos, não é mesmo possível fazer-se um alívio generalizado de tensões, quer por não existirem fornos com dimensões suficientemente grandes para alojarem a peças a tratar, quer por inaplicabilidade de meios mecânicos.

          Assim sendo, torna-se bastante útil que, se conseguisse avaliar previamente ao fabrico, o nível de tensões residuais, e as deformações resultantes das soldaduras a efetuar, de modo a prever metodologias de fabrico que previnam o aparecimento final de distorções geométricas não conformes com as tolerâncias de projeto.

       A resultante deste problema, será de grande importância a compatibilidade do estudo das tensões residuais e deformações, em modelos feitos a uma escala inferior à das peças a fabricar, de modo a poderem aferir-se os níveis de tensão residual e o comportamento geométrico que surgirão no fabrico das peças à escala real.

 

          O modelo em escala reduzida, poderá ser assim trabalhado de um modo muito mais fácil, e sujeito a aplicação de métodos destrutivos para avaliação do nível de tensões residuais presentes.

 

Efeito térmico da soldadura no protótipo e no modelo à escala

         Efeito térmico da soldadura

          O ciclo térmico típico da soldadura por arco eléctrico, consiste num aquecimento muito rápido, na ordem das centenas de graus por segundo, até atingir o pico de temperatura, seguido de um relativamente rápido arrefecimento, na ordem de umas dezenas ou centena de graus por segundo, até à temperatura ambiente.

          As alterações da microestrutura na zona soldada, bem como na zona termicamente afetada (ZTA), estão muito dependentes das taxas de aquecimento e de arrefecimento, as quais por sua vez, dependem do calor fornecido à soldadura, o qual é função da energia do arco eléctrico, da velocidade de soldadura e da eficiência térmica do processo, da geometria e espessura da peça a soldar, e das temperaturas iniciais e de interpasse.

          Estas alterações micro estruturais, irão por sua vez, afetar a alteração das propriedades mecânicas e potenciar a sua propensão para a ocorrência de fenómenos de corrosão sob tensão, tanto na zona fundida como na ZTA.

          O processo de transferência de calor ou ciclo térmico da soldadura tem várias consequências, para além das complexas alterações micro estruturais referidas anteriormente.

          Na zona fundida, onde o metal é liquefeito e subsequentemente solidificado, e na ZTA adjacente, na qual o material é aquecido a uma temperatura abaixo do ponto de fusão, mas suficientemente elevada para produzir alterações micro estruturais e nas suas propriedades mecânicas, a vaporização de alguns elementos devido à excessiva temperatura, pode também originar a alteração da composição do material.

          O aquecimento e o arrefecimento localizado geram igualmente deformações plásticas e tensões residuais ao longo do material. A contração no arrefecimento, no metal fundido e na ZTA, induz distorções permanentes.

          Vários defeitos na soldadura podem também ocorrer como resultado do ciclo térmico, tais como porosidades, fissuração a quente e a fissuração a frio.

          Consequentemente, torna-se muito importante prever as características do ciclo térmico na soldadura de um material, tais como a temperatura de pico e as taxas de arrefecimento, de modo a caracterizar e relacionar as alterações micro estruturais com as suas propriedades.

          O trabalho mais importante feito no estudo da teoria dos efeitos do movimento de uma fonte de calor provém de Rosenthal D., no final da década de 40 do século XX. Ele estudou a teoria fundamental e formulou equações para o escoamento bidimensional e tridimensional num sólido na presença de uma fonte móvel de calor.

          As soluções analíticas formuladas por Rosenthal foram baseadas no princípio do estado térmico quase-estacionário, o qual representa a resposta térmica estacionária da soldadura, relativamente às coordenadas do movimento, isto é, a origem do processo dá-se com o movimento da fonte de calor, e para um observador na origem, a distribuição da temperatura e a geometria do banho em fusão não se alteram no tempo.

 

          Apesar das assumpções de Rosenthal ajudarem a simplificar a análise matemática do problema, existem desvios significativos entre a teoria e os resultados experimentais.

          Por exemplo, com a assumpção da fonte de calor pontual, a temperatura no eixo da soldadura cresce infinitamente, mesmo com a limitação da potência da fonte de calor.

          Acresce ainda que, as propriedades térmicas dos materiais variam com a temperatura, e a negligência do calor de fusão origina erros consideráveis.

          Assim, outros autores elaboraram estudos, para o aperfeiçoamento e melhoramento das equações matemáticas do Rosenthal.

 

          Soldadura de protótipos

       Para o protótipo, iremos utilizar o mesmo processo de soldadura para a execução de provetes do modelo à escala e do protótipo.

          Assim sendo, o processo que se nos afigura mais apropriado, dentro dos habitualmente usados no fabrico de estruturas metálicas, tendo em conta especialmente o processo a ser utilizado em obra, e de modo a ter uma melhor representatividade das tensões residuais presentes, iremos utilizar este processo para a execução dos provetes em chapa de 8 mm e de 2 mm, utilizando eléctrodos básicos SFA AWS A5.1 - E7018.

 

          Soldadura do modelo à escala

          Para a soldadura do modelo à escala 1:4, isto é, em chapa de 2 mm de espessura, deve-se em primeiro lugar, investigar a equivalência do calor entregue e escoado na peça de 8 mm de espessura, com análise da sua ZTA, de modo a determinar o calor a ser fornecido e escoado na soldadura do modelo à escala, e assim tentar reproduzir neste, os efeitos termo-mecânicos equivalentes aos produzidos na soldadura das chapas de 8mm.

          Isto quer dizer que, deveremos soldar o modelo à escala com um processo quase equivalente ao do utilizado no protótipo. Para isto, utilizaremos a seguinte metodologia:

          1- Utilização do mesmo material de base e de adição em ambos os provetes;

          2- Utilização do mesmo processo de soldadura, do mesmo tipo de consumível, de modo a não alterar a densidade de energia e não alterar a técnica operatória;

          3- Utilização de diâmetro de consumível e parâmetros eléctricos, tensão e intensidade de corrente, ajustados para a soldadura da chapa de 2mm, de modo a que conjugados com a velocidade de soldadura, possam representar uma entrega de calor equivalente;

          4- Obtenção de taxas de escoamento de calor equivalentes, no modelo e no protótipo, através da configuração dos parâmetros que mais as influenciam, tais como o calor introduzido - entrega térmica, a espessura das chapas e a geometria da ligação, e o pré-aquecimento das peças ler mais

 

  

Enviar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem