NOCÇÕES GERAIS SOBRE HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO (HST)
GENERALIDADES
O centro de prevenção de acidentes de
trabalho e doenças profissionais colaborou no primeiro congresso nacional do
ensino técnico profissional realizado de 13 a 22 de dezembro de 1958, em
Lisboa, em comemoração dos primeiros dez anos de vigência da atual reforma do
ensino técnico, com uma comunicação que foi aprovada e cujas conclusões foram
incluídas nos votos finais do congresso.
Essas conclusões
foram:
- Que seja criada em todos as escolas
técnicas profissionais uma nova disciplina, integrada nos respectivos cursos,
que abranja conhecimentos gerais de segurança e higiene no trabalho.
- Que o ensino dessa disciplina
inclua as necessárias exemplificações de ordem prática de modo a criar nos
alunos a consciência da sua necessidade como defesa própria e de terceiros.
Em consequência desses votos o assunto foi estudado superiormente e, por
circular n° 28/61, 2. ° Rep., série A, de 1 de agosto de 1961, comunicava-se as
escolas o seguinte:
Em 29 de junho de 1961 a junta nacional de educação deu o seguinte
parecer (homologado por despacho ministerial de 24 de julho de 1961) sobre uma
proposta de criação da disciplina segurança contra o acidente no trabalho:
- Não se torna, de momento,
necessária a criação da nova disciplina proposta;
- Deve competir aos mestres das
oficinas, no contato íntimo e diário com os alunos, criar neles o habita da
prudência e a predisposição positiva para os ensinamentos concretos de
segurança que receberão gradualmente;
- Os mestres das diferentes oficinas
devem receber a adequada formação sobre segurança industrial e devem velar por
que nas oficinas nenhuma norma de segurança seja esquecida;
- O professor de higiene, além do
ensino direto dos alunos, deve vigiar e promover o ensino ministrado das
oficinas pelos mestres;
- o ensino deve ser facilitado por
folhetos de propaganda, cartazes e filmes educativos, para o que muito contribuirá
o valioso e sempre pronto auxilio da comoção permanente de seguros escolares da
direção geral do ensino técnico profissional.
Definição:
A higiene e segurança no trabalho (HST) é toda a ação que visa encontrar os
riscos de acidentes e doenças durante o trabalho, para posteriormente definir
mecanismos da sua eliminação.
Acidente de trabalho
Acidente de trabalho é todo o acidente que ocorre no local e tempo de serviço, podendo produzir lesão corporal, perturbação funcional e doenças de que possa resultar a morte ou redução na capacidade de trabalho ou ganho. É também considerado como tal, o acidente que ocorrer fora do local ou tempo trabalho quando for dedicado a atividades preparatórias ou outras relacionadas com o trabalho. É ainda acidente de trabalho o que acontecer durante a ida ou o regresso do trabalho quando for usado um meio de transporte que seja pertença do patronato.
Local de trabalho –
é o lugar concreto onde o indivíduo realiza o seu labor profissional.
Tempo de trabalho - é o tempo normal de trabalho (8 a 9 horas por dia). O tempo que anteceder o início do trabalho é considerado tempo de trabalho quando for dedicado a atividades preparatórias ou outras relacionadas com o trabalho. E o que seguir, quando também for dedicado a atividades relacionadas com o trabalho.
De
menino-aprendiz a homem operário
A escola técnica tem por missão transmitir
aos seu alunos aprendizes uma sólida formação tecnológica bem compreendida e
bem assimilada. Para tanto é indispensável a correção dos gestos executados,
tanto pelo professor de tecnologia como pelo mestre da oficina, perante os
alunos.
E estes gestos devem suceder-se uns após
outros, segundo um plano constantemente controlado pelo espirito do executante
o qual fica verdadeiramente senhor da ação. Quer dizer, que conhecedor de todas
as fazes de um processo de produção, o aprendiz que se tornou operário pode, a
todo o momento, evitar que um pequeno incidente se transforme num acidente.
Assim deve ser orientada a preparação
do aluno, de modo a que as coisas sejam feitas da melhor maneira, porque, se
tal não acontecer, e o então operário pretender intervir com a sua inteligência
para controlar reações da máquina, não conhecidas e previstas antecipadamente,
ele será incapaz de dominar uma situação perigosa, inteiramente nova.
Obtida deste moda uma racional e sólida
preparação técnica, esta permite ao operário poder adaptar-se rapidamente a utilização
de novas e diferentes máquinas-modelos inexistentes ao tempo em que frequentou
a escola. Isto é, atendendo a diversidade e evolução rápida do equipamento
industrial, para as quais foi concebida a criação deste método a aplicar nas
mais variadas situações que venham a apresentar-se na vida prática. E que o valor
profissional de um técnico avalia-se em grande parte, pela sua compreensão dos
mais diversos mecanismos.
Ora, esta compressão é fator que
comanda a segurança do operário e determina o bom estado de conservação do equipamento
que lhe esta confiado.
O HOMEM QUE QUISER ACTUAR
COM EFICIENCIA TEM DE ESCOLHER A MELHOR FERRAMENTA |
Trata-se, portanto de pôr o aluno a
pensar na melhor maneira de encarar o seu trabalho e de o ensinar a pensar nas
fases ativas que o constituem, esclarecendo-o de que não deve adotar automatismos,
os quais apenas seriam válidos para os casos na escola.
Este método de trabalho consiste em,
com palavras referentes a eficácia e segurança do próprio método, se leve o
aluno, em contrapartida, a adquirir atitudes corretas, aprendendo a forma mais
perfeita de coordenar os seus gestos – mínimo
esforço = máximo rendimento – tendo
sempre em vista que poderá, no futuro, encontrar-se perante uma nova situação,
diferente.
QUALQUER ACIDENTE DEVE-SE A
FALTA DE CUIDADO E A INDIFERENÇA; NO FUNDO, APERSAR DE TUDO, A COMODIDADE |
O PROFESSOR DE TECNOLOGIA E O MESTRE DA
OFICINA
O ensino da tecnologia é incompleto se não
incluir a prevenção dos acidentes no trabalho. Assim, as instruções gerais do
programa de tecnologia, aprovado para uso nas escolas francesas, refere-se lhes
nestes termos: nenhum aluno deve
servir-se de um utensilio ou ferramenta, ou de uma máquina, sem previamente
haver recebido necessárias e pormenorizadas explicações sobre o seu modo de
emprego, a sua conservação, a sua utilidade, e quando aos perigos que resultam
da negligência ou da ignorância das condições da sua normal utilização.
O ensino do mestre da oficina e o do professor
de tecnologia completam-se diretamente. Na descrição das ferramentas e dos
métodos de trabalho, o professor de tecnologia deve sempre integrar os
elementos respeitantes a segurança sem nunca os apresentar como formando um
grupo a parte daqueles que se referem ou pertencem ao trabalho. Uma serra
circular não é apenas uma mesa, uma lamina e uma fonte de energia; é assim,
também, uma lamina marginadora, um resguardo de proteção e uma parte onde está encachada
a zona central do disco da cerra circular, debaixo da mesa. Deve tornar-se um caso tão extraordinário para o aprendiz
ver uma serra circular sem lamina marginadora nem resguardo de proteção, como
olhar para um automóvel sem guarda-lamas ou sem vidros.
Por outro lado, o professor de
tecnologia e o mestre da oficina devem sempre ligar o aspecto técnico a
segurança. É o caso do resultado do trabalho efetuado por uma tesoura própria
para cortar metal depender, não só do afastamento e afiação das laminas
cortadoras mais, também, da segurança de um trabalhador que pode correr o risco
de ser atingido pelo levantamento da chapa metálica a cortar.
O PEROGO MAIOR NÃO É A
EXISTÊNCIA DO RISCO, MAS A SUA IGNORÂNCIA |
Não se deve perder a mais pequena
oportunidade, mas convém proceder cautelosamente a fim de não apresentar a
profissão escolhida e ensinada como uma origem permanente de acidentes em potência,
o que contrariava o objetivo a atingir. O aprendiz deve, pelo contrária,
concluir que o ensino de tecnologia criou nele a certeza de que, se todas as
regras forem observadas, nada de perigo ou aborrecido lhe pode acontecer.
Nunca deverá dizer-se a um
adolescente que uma máquina é perigosa, mas sim afirmar-se lhe que é da
utilização incorreta dessa máquina que podem resultar numerosos acidentes.
Por fim, tanto o professor de
tecnologia como o mestre da oficina, podem também dar algumas informações sobre
a evolução da concepção das máquinas num sentido favorável, simultaneamente, a
produção e a segurança.
Trata-se, afinal, não de
sobrecarregar todas as lições e todas as matérias, em função da segurança. Por
que, se assim não acontecer, a tensão do espirito e a execução dos gestos suceder-se-ão
segundo um processo anárquico (contrário a economia da energia muscular) que,
rapidamente, provocarão um estado de fadiga, o qual, por sua vez, gera falta de
atenção – basta 1/10 de segundo – durante os quais, precisamente, se verifica o
acidente.
Daqui a concluir-se da necessidade da
habilidade profissional e da segurança estarem estreitamente ligadas.
O TRABALHO SÓ É PERIGOSO
PARA QUEM NÃO É CUIDADOSO |
JUSTIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA
As causas de acidentes de trabalho são muitas e variadas mas, dum modo
geral são motivadas por:
1. - Inadaptação ao trabalho;
2. - Fadiga
3. - Falta de equipamento de
proteção individual;
4. - Falta de proteção das maquinas;
5. - Não utilização dos dispositivos
de segurança;
6. - Instalação elétrica deficiente,
etc.
Inadaptação ao trabalho
São muitos os desastres motivados
por ignorância: o operário deva conhecer completamente a máquina ou ferramenta
com que trabalha, tendo uma ideia perfeita do seu funcionamento, em suma,
familiarizar-se com ela: trata-la por tu.
Assim, a aptidão é o primeiro fator de ordem psicológica para evitar
acidentes de trabalho. Todo o operário deve ser selecionado de acordo com as
suas aptidões físicas e psíquicas e em conformidade com as exigências do
trabalho a que se destina. Esta aptidão só pode ser determinada com um estudo
prévio do indivíduo e, para isso, são fundamentais a orientação e seleção
profissionais assim como o estágio em oficinas.
SEMPRE QUE
ALGUÉM, OU UMA EMPRESA, TOMA A SÉRIO A PREVENÇÃO DOS ACIDENTES, CONTRIBUI
PARA O PROGRESSO E BEM-ESTAR DA HUMANIDADE. |
Fadiga
A fadiga é uma das principais causas dos acidentes pois o operário fatigado
tem menor acuidade dos sentidos, tempos de resposta dos estímulos mais
prolongados, gestos lentos e imprecisos, e tendências para falta de atenção por
menor capacidade desta. Assim reage menor prontamente em face do perigo, a
reação executa-se também mais lenta e imperfeitamente; ou não chega a
perceber-se do perigo.
Para evitar a fadiga é necessário que a posição de trabalho seja, cômoda
e fisiologicamente, adaptada a tarefa a realizar. Se o trabalho se realiza
sentado, a altura do banco, ou cadeira, da mesa de trabalho, etc. deve estar em
relação com a estatura do trabalhador. Depois disto ainda será necessário
instrui-lo sobre a posição que deve adoptar.
Os estímulos exteriores devem ser selecionados e eliminados os que sejam
inconvenientes ou perturbantes. Em determinados casos podem os ruídos ser
enervantes ainda que pela habituação passem a não ser apercebidos
conscientemente.
A iluminação dos locais de trabalho deverá ser suficiente e adequada
para evitar a fadiga da vista ou prejuízos definitivos.
Deve prever-se curtos intervalos de descanso, ou mudanças de tarefas ou
de posição, cientificamente estudados para, diminuindo a fadiga, não afetarem
negativamente, antes pelo contrário, o rendimento da produção.
Outra causas importante da fadiga é a tensão emocional; deve cuidar-se
da higiene da saúde mental dos trabalhadores e dar-lhes um ambiente de
satisfação no desempenho das suas tarefas. Além de serem respeitados e
considerados na dignidade de pessoas humanas devem sentir-se que são; devem ser
rodeados de pequenos cuidados que, preservando, a saúde os mantem em boa forma
quer com o fornecimento de bebidas quentes no inverno, ou o fornecimento de
estrados de madeira que isolam melhor os pês da frialdade dos pavimentos, etc.
Na medida do possível devem ser ajudados na resolução dos problemas
familiares, etc., encontrando nos patrões, seus representantes, encarregados,
etc., as pessoas socialmente mais evoluídas que os podem amparar nas
dificuldades.
Assim o trabalharão satisfeitos e corresponderão na justa reciprocidade
em colaboração leal e dedicada, não só porque os devem fazer mas também porque
o podem fazer.
Ainda a fadiga, que corresponde no fundo a uma intoxicação do organismo,
poderá resultar de estados de doenças que convém prever (higiene), e tratar.
O alcoolismo, o tabagismo, o diabete, etc., no campo das doenças
crônicas, e os estados febris atípicos, uma gripe mesmo ligeira, por exemplo,
são causas da diminuição da capacidade física equivalente, ou correspondente, a
fadiga.
Para trabalhar em condições mínimas de segurança o
operário precisa de estar equipado com: óculos, avental, boné, calçado,
polainas e vestuário próprios a execução de trabalho.
O pessoal que trabalha ou circula
junto da máquina e transmissões em movimento deve usar fatos justos e em bom
estado; conserva-lo abotoado e não apresentando, saindo dos bolsos,
desperdícios ou panos de limpeza. Quando trabalhar sem casaco usar mangas
curtas.
A PREVENÇÃO DE ACIDENTES E CONSEQUENTE
SEGURANÇA NO TRABALHO É UM ESPELHO DO BRIO PROFISSIONAL DO OPERÁRIO
ESCLARECIDO |
Antes de começar o trabalho com uma
máquina-ferramente tire a gravata, pois esta tem sido a causa da morte de
muitos operários por ter sido apanhada por máquinas em movimento.
Igualmente se devem tirar os anéis e
relógios de pulso, previamente, tal como fazem os médicos antes de uma operação
cirúrgica.
Falta de proteção das máquinas
As máquinas devem estar protegidas
por dispositivos de segurança e devidamente sinalizadas.
As máquinas, acionadas diretamente,
ou por correias, devem ter sempre resguardados os órgãos ou partes salientes de
peças girantes que possam dar origem a acidentes.
Quando acionadas por correias, estas
e os tambores devem ser protegidos por resguardos adequados e quando houver
tambor fixo e tambor falso deve haver também, e sempre, um passador de correia
ou sistema de travamento que impeça esta de passar ocasionalmente de um para
outro tambor; os dispositivos de paragem e arranque devem estar sempre ao
alcance do operário e resguardados contra contatos acidentais
NÃO TOQUE NA MÁQUINA EM MOVIMENTO. MUITOS
ACIDENTES SÃO CAUSADOS PELO ENTALAMENTO DOS DEDOS ENTRE A MÁQUINA E O
TRABALHO. |
Quando a transmissão se faz por
engrenagens é de boa técnica a existência de dispositivos automáticos que
impeçam o funcionamento da máquina quando se abrem os resguardos ou que só seja
possível a sua abertura com a máquina parada.
Devem também as máquinas possuir
resguardos nas aberturas através das quais o vestuário ou certas partes do
corpo possam entrar em contato com as partes moveis, tais como prensas,
maquinas de estampar ou de embutir, as quais deverão possuir dispositivos de
segurança que impeçam o ferimento ou esmagamento dos dedos.
Durante a marcha deve ser
expressamente proibido atuar sobre as correias pra as montar sobre os tambores,
passa-las de um tambor fixo para um móvel ou inversamente.
As maquinas-ferramentas em que a
natureza do trabalho seja de molde a produzirem-se aparas ou estilhaços, devem
ser munidas de palas para proteção da vista do operário.
O pavimento em redor da máquina deve
ser plano e não escorregadio e as oficinas devem conservar-se desembaraçadas de
quaisquer objetos que dificultem o trabalho ou a circulação do pessoal.
As correias, quer trabalhem na
posição horizontar, vertical ou obliqua, devem estar sempre envolvidas em
fortes resguardos de forma a suportar o choque produzido pelo seu eventual
rebentamento ou queda e, ainda, evitar um possível desastre por contato
acidental.
OS ACIDENTES DE TRABALHO SÃO MENOS CASUAIS DOQUE
CAUSADOS |
Não utilização dos dispositivos de segurança
As proteções das máquinas e outros dispositivos de segurança destinam-se a
proteger o pessoal. Assim, não devem ser retirados a não ser para operações de
conservação, reparação, lubrificação ou limpeza, ainda assim só com autorização
superior.
Portanto uma das primeiras medidas es
segurança consiste em ajustar os dispositivos de segurança da máquina antes de
a pôr em movimento.
Cada ferramenta deve ser apenas
utilizada nos trabalhos a que ela se destina. Se qualquer máquina, ferramenta
ou parte do equipamento não estiver em condições de segurança não a utilize.
Comunique, imediatamente, o facto ao seu superior para que se possa proceder a
sua reparação ou substituição.
OQUI É HABITUAL É SIMPLES; TORNE A SEGURANÇA UM HÁBITO |
Não esquecer que uma simples rebarba
na cabeça de um escopro pode causar um acidente.
Conservar os locais de trabalho bem
arrumados assim como dispor os materiais e ferramentas de forma bem ordenadas
de maneira que não possam causar ferimentos a quem passar perto, é uma medida
de segurança que convém não esquecer.
Por isso, usar de referência as
passagens marcadas ou sinalizadas nas oficinas, evitando passar por cima da
obra em curso. Nalgumas oficinas é proibido, mesmo, atravessar traçados de
sinalização no solo.
Ao arrumar ou armazenar seja oque for
deve respeitar-se escrupulosamente, as passagens marcadas, isto é, devem sempre
deixar-se livre as vias de acesso e circulação marcadas no chão da oficina.
Devem sempre deixar-se desimpedidos
os acessos aos dispositivos de segurança, tais como extintores, macas, válvulas
de comando, quadros elétricos de distribuição, caixas de seccionadores, etc.
Instalações elétricas
As instalações elétricas em mau
estado são um perigo, pois provocam eletrocuções de operários e curto-circuito
que originam incêndios.
A não ser que isso faça parte do
trabalho normal do operário, este não deve nunca tentar reparar qualquer
aparelhagem elétrica, pois somente o pessoal autorizado pelas secções de
conservação ou manutenção pode substituir as lâmpadas elétricas ou fazer as
reparações elétricas nas máquinas e no equipamento.
Ao trabalhar com fios elétricos faça-o
como se tivessem tensão aplicada e avise os seus superiores quando encontrar um
fio solto pois, se o não fizer, poderá vitimar, involuntariamente, qualquer
colega.
Não desligar nunca, ou partir, os
fios de ligação a terra de máquinas e aparelhos elétricos.
Principalmente em locais húmidos,
quando trabalhar com ferramentas elétricas portáteis, verificar o bom estado de
isolamento dos fios e usar sapatos com sola inteira de borracha.
Sendo eletricista, ao proceder a
qualquer reparação, não esqueça de cortar o circuito antes daquela reparação.
Neste caso, colocar no quadro de comando do circuito um aviso para evitar que
qualquer colega venha liga-lo, pois muitos desastres mortais tem sido
assinalados por não se ter tomado esta precaução.
A VERDADEIRA CORAGEM É NÃO EXPOR A VIDA
ESTUPIDAMENTE E TER A CONSCIÊNCIA DOS PERIGOS QUE O TRABALHO COMPORTA |
Equipamento de segurança
Além do equipamento de proteção direta do operário a
que considerar como equipamento de segurança as ferramentas especiais, as proteções
nas máquinas e, até, num sentido muito amplo, os materiais a trabalhar; isto
conforme a natureza dos trabalhos a realizar ou da indústria a exercer.
Exemplificaremos brevemente.
OS ACIDENTES SÃO LIÇÕES DE SEGURANÇA MUITO CARAS |
Ferramentas especiais
Muito antes
do uso industrial da eletricidade havia necessidade de iluminar o trabalho nas
minas de carvão (hulha). As lâmpadas de chama aberta (candeias) ofereciam o
grave perigo de inflamarem o grisu (mistura
explosiva do gás metano, que se liberta por ‘’ destilação’’ espontânea da
hulha, e do ar). DAVY inventou a lâmpada
de segurança que aproveita a propriedade das redes metálicas finas, boas
condutoras de calor, não se deixarem atravessar pela chama e, assim, envolvendo
toda a parte aberta da lâmpada por rede, conseguiu que a haver explosão esta se
confine ao interior da lâmpada, apagando-se esta, e não se propagando para o
exterior.
Ainda nas minas de carvão qualquer faísca
pode provocar a explosão do grisu. Os atuais materiais pneumáticos são constituídos
por material que não faísque se bater com corpos duros (como sílex, etc.)
É claro que ao referir-se minas de carvão
deve entender-se que se trata de um exemplo concreto mas válido para toda a exploração
industrial onde haja a possibilidade de existência de atmosfera explosiva; nas serrações
de madeira onde o pó fino de madeira, espalhado no ar, se comporta
sensivelmente como um gás combustível; nas secções das fábricas de explosivos,
etc. no que diz respeito ao perigo de produção de faíscas por choque de
ferramentas metálicas com materiais duros (como o chão de cimento, por exemplo).
Já que nestes breves exemplos abordamos
o caso de produção de faíscas por choque, convém não esquecer a produção de faíscas
por descarga elétrica, nos interruptores elétricos que deverão estar, então,
devidamente protegidos (se nas vossas casas houver uma fuga de gás combustível,
deve-se arranjar a casa antes de acender a luz elétrica ou de fazer lume – caso
contrário poderá suceder deixar de haver a casa) ou por cargas eletrostáticas desenvolvidas
por atrito de correias com o ar (em qualquer oficina com transmissão por
correia e nas fábricas de papel em que o rolo do papel acumula cargas consideráveis
desenvolvidas no decorrer da sua formação)
devendo montar-se dispositivos adequados para o escoamento inofensivo
para o solo dessas cargas.
Proteção nas máquinas
Será elementar proteger as peças
moveis das máquinas, mas há partes moveis que tem de estar a descoberto e é necessário
dispor o método de trabalho do modo a evitar o perigo.
Há 50 anos, antes da industrialização
da eletricidade, as oficina eram movidas por uma máquina a vapor (ou roda hidráulica,
etc.) que atuava um veio principal que fazia girar um conjunto de veios secundários
os quais, por sua vez, acionavam as máquinas, sempre com transmissão por
correias.
A proteção rudimentar realizava-se
colocando os veios junto aos teto das oficinas e fazendo as baixadas para as
maquinas na vertical destas, num espaço consequentemente pouco acessível.
Hoje o problema está resolvido com as
maquinas-ferramentas cada uma com o seu motor elétrico de proteção apropriada e
com transmissão de movimento no interior da própria máquina ou com a correia
resguardada por proteção adequada.
Uma guilhotina tem uma peça móvel, a lâmina, que se destina a cortar, e
que, para desempenhar a sua tarefa, tem de estar a descoberto pelo menos na
parte final do seu curso. A proteção pode fazer-se por um processo muito
interessante do ponto de vista cientifico; uma célula fotoelétrica colocada a
altura conveniente recebe um feixe de luz invisível (infravermelho) de lâmpada
especial colocada defronte; se um obstáculo (a mão, ou o braço do operário) se interpuser
e cortar o feixe – é porque está em posição de ser apanhado pela lamina – a célula
não atuada bloqueia e encrava, temporariamente, a guilhotina até o obstáculo
desaparecer da cena.
Há, porém, processos relativamente
rudimentares muito seguros: para que a lâmina desça é necessário atuar,
simultaneamente, dois comandos separados – sem o que a máquina não funciona –
de modo que o operário com as duas mãos ocupadas nos comandos não pode ser
acidentado.
Deve também ter-se cuidado com as máquinas
automáticas, silenciosas, que em movimento podem parecer estar paradas. Trata-se
do efeito estroboscópico, que
consiste na iluminação por ‘’ golpes’’ sucessivos de luz: se uma roda com seis
raios está em movimento e é iluminada em cada golpe na mesma posição relativa (consequência
da rotação da roda a levar, de um golpe para o seguinte, a posição equivalente:
a frequência da iluminação e a velocidade de rotação da roda estará em
determinada relação) parecerá parada. Ora, acontece que a luz fluorescente dá
efeito estroboscópico, pois a corrente elétrica alternada tem uma frequência de
50 ciclos por segundo apagando-se por breves instantes 100 vezes por segundo.
O efeito é muito atenuado na iluminação
por incandescência devido a inercia térmica do filamento da lâmpada que quase não
arrefece e, portanto, emite sempre luz (embora com algumas flutuações na sua
intensidade).
Para evitar facilmente o efeito
estroboscópico poderá mover-se rapidamente uma lapiseira com parte metálica (brilhante)
numa iluminação estroboscópica (no cinema em funcionamento, junto a um aparelho
de televisão, ou a luz fluorescente) vê-se um movimento sacudido embora, na
realidade, seja continuo.
Evita-se este inconveniente montando
duas lâmpadas incandescentes iguais lado a lado e conseguindo, eletricamente,
que quando uma se apaga esteja a outra no máximo de brilho (chama-se,
tecnicamente, montar as lâmpadas com uma diferença de fase conveniente: 90°).
É claro que o efeito estroboscópico
pode ser útil. Serve para o estudo dos movimentos, para regulação de
velocidades de rotação (afinação da velocidade de gira-discos, por exemplo), e
outros.
Materiais a trabalhar
Sempre que for possível substituir o
material a trabalhar por outro mais seguro não há que hesitar, pesados os prós
e os contra de ordem vária (econômica, por exemplo).
Referir-me-ei ao caso do latão que será
trabalhado ao torno. A adição de 1% de chumbo não altera consideravelmente as
propriedades mecânicas do material mas, em pequenas dimensões (fios ou aparas),
torna-o quebradiço pela inclusão de pequenos grãos de chumbo de muito baixa
tenacidade; isto permite um torneamento fácil com aparas muito curtas, que não enrolam
e não são cortantes, aumentando a segurança e a velocidade da operação.
Proteção do operário
Uma boa organização industrial é um importante
meio de prevenção; a utilização de boas ferramentas e máquinas, horário de
trabalho, de alimentação e de tudo quanto seja organização cientifica do fator humano
no trabalho é obra de prevenção de acidentes.
COM PREVENCÃO EFICAZ, NÃO TE TORNAS
INCAPAZ! |
Conforme a natureza de trabalho assim há que
proteger devidamente as partes do corpo do operário que correm risco.
No entanto, primeiro do que tudo deve
haver preocupação dominante da atuação de segurança; a escolha do método de
trabalho mais seguro dentro da aptidão natural do operário que o vai executar,
enfim, a educação do pessoal pelo desenvolvimento do espirito de segurança constitui,
sem dúvida, o meio mais eficaz de combater os acidentes, visto o fator humano
ser muito mais importante do que o uso do equipamento de segurança que se
destina a eliminar as consequências desastrosas do acidente e não, de certo
modo, a evita-lo.
O material de proteção e segurança como,
por exemplo, máscaras, óculos, luvas, fatos, etc., não é muitas vezes de boa
qualidade, nem concebido para dar a comodidade indispensável aos operários, o
que os leva a prescindir deles por essas razões.
Há a maior conveniência que o
material, antes de ser distribuído aos operários, seja escolhido e experimentado
por eles; deverá, mesmo, este material ser ensaiado, antes de ser posto à
venda, por um organismo competente.
Os três ‘’NÃO’’ que mais acidentes causam são:
-NÃO
VI!
-NÃO PENSEI!
-NÃO SABIA!
Proteção da cabeça
Nas minas, nas pedreiras, na construção
civil, e em todos os trabalhos em que exista perigo de golpes ou de queda de objetos,
deve usar-se capacetes fortes, embora ligeiros.
Há toda a necessidade de proteger o cabelo do contato com as partes giratórias das máquinas, mediante o uso de bonés ou gorros (isto é especialmente importante para os operários da indústria têxtil que usam cabelos compridos).
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capacete de protecao |
Proteção do aparelho respiratório
Como complemento do sistema de aspiração
mecânica, e quando seja necessário, deve proteger-se os órgãos respiratórios através
de máscaras. Estas máscaras devem estar providas de filtros, ou de ação química
contra determinados gases ou vapores. Note-se que são inoperantes contra venenosíssimo
oxido de carbono.
Em determinados trabalhos que se
realizem em atmosferas viciadas é necessário utilizar máscaras ligadas a
aparelhos produtores de oxigênio, ou as que consentem a injetar ar fresco através
de uma mangueira (escafandros autônomos).
Assim, nunca se deve penetrar numa atmosfera tóxica sem ser protegido com a máscara e o aparelho alimentador de oxigênio.
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mascara de protecao |
Proteção da vista
A maior parte dos acidentes nos olhos
podem ser evitados mediante o uso de óculos ou viseiras de proteção. Apesar disso,
aproximadamente 15% dos acidentes de trabalho são devidos a esta causa.
Devem usar-se óculos de proteção sempre
que se está exposto a:
1. Partículas metálicas ou de
outras origens que se desprendem ao trabalhar peças;
2. Pó produzido pelas
esmeriladoras, polidoras, etc.;
3. Salpicos de metal em fusão;
4. Salpicos de matérias ou
vapores químicos;
5. Radiações no trabalho de
soldadura autógena ou elétrica.
Para cada trabalho devem utilizar-se
o tipo de óculos ou viseiras adequado: óculos ligeiros de tipo corrente; óculos
providos de vidros inquebráveis; óculos com proteção no sentido vertical. Para certos
casos a viseira deve proteger toda a cara. Estas viseiras podem ser de plástico
transparente ou de tela metálica de malha fina.
Para a proteção contra as radiações utilizam-se vidros ou plásticos de cores escuras, quase sempre azuis.
Os grandes inimogos da saude e integridade sao:
- A imprudencia; a negligencia e o descuidado.
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oculos de protecao |
Proteção dos braços e das mãos
Há que proteger as mãos e, em
determinados casos, os braços:
1. Com luvas de couro ou de
lona, dos objetos cortantes ou pesados;
2. Com luvas de amianto ao
manejar substâncias ou objetos quentes;
3. Com luvas de borracha,
quando se manipula com substâncias químicas corrosivas ou, de qualquer modo,
agressivas para a pele; e em trabalhos elétricos que necessitem isolamento elétrico.
Quando se trata de objetos pequenos
que se seguram só com os dedos podem proteger-se estes com dedeiras de borracha.
Deixando as mãos livres.
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luvas de protecao das maos e bracos |
Proteção dos pés e das pernas
As lesões mais frequentes dos pés e
das pernas são motivadas pela queda de objetos sobre os pés, pela introdução de
pontas metálicas ou de estilhaços, por pancadas ou golpes contra determinados obstáculos,
por salpicos ou corpos quentes (nas fundições, indústrias químicas, etc.).
Estes acidentes são evitáveis com o
uso de calçado apropriado, e nos casos de salpicos com corpos quentes com o uso
de polainas que também protegem as pernas.
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botas de protecao dos pes e pernas |
NOTA IMPORTANTE:
A segurança no trabalho depende
principalmente do próprio operário. Pode a entidade patronal disponibilizar
todos os cursos, formações e todos os dispositivos ou equipamentos relacionadas
à segurança no trabalho, porém, se não houver por parte do operário o interesse
e o cuidado necessários a segurança, estará este sempre sujeito a acidentes.
Não é coragem evitar o uso do
equipamento de proteção e sujeitar-se a riscos, é NEGLIGÊNCIA.