LIGAS DE COBRE (bronze e latão)

 

Ligas de cobre

 

          As ligas de cobre tem elevado interesse industrial, dado que na maioria dos casos revelam melhores características do que o metal puro, normalmente as ligas de cobre:

                    - São mais resistentes;

                    - Possuem melhores características para a obtenção de peças de fundição;

                    - São mais tenazes e menos duras, resistindo melhor os esforços mecânicos;

                    - possuem maior elasticidade;

                    - São mais baratas.

          O cobre forma ligas com variadíssimos elementos como o estanho, o zinco, o alumínio, o berílio, o silício, o níquel etc.

          Pela sua importância, vamos estudar apenas de forma sumária, os bronzes e os latões.

 

          Bronzes

          Chama-se bronzes as ligas binarias de cobre e estanho. A estas ligas, aparecem associados outros elementos, em pequenas percentagens, os quais podem ser considerados como impurezas.

          É usual designar-se também por bronzes as ligas de cobre com alumínio, silício, e berílio, etc. neste caso, associa-se a palavra bronze o nome do segundo elemento da liga. Exemplo: bronze-alumínio, bronze-silício, bronze-berílio, etc.

 

          Ligas binarias cobre-estanho

          As ligas binarias de cobre e estanho só tem interesse industrial se contiverem entre 5 a 25% de estanho, dado que as suas caraterísticas mecânicas apresentam valores muito desfavoráveis fora desses limites.

         A dureza destas ligas mantém-se constante de 5 a 14% de estanho, aumentando a partir daí; a resistência a tração atinge o máximo cerca de 13% de estanho, diminuindo depois; o alongamento mantém-se elevado entre 5 e 14%, descendo depois rapidamente, atingindo um valor próximo de zero, cerca dos 17% de estanho.

          Por esta análise se poderá perceber que:

          - Os bronzes até 13%, contém dureza elevada e são frágeis, só podem deformar-se a quente. Quando deformados, são geralmente sujeitos a um recozimento para distensão de tensões. Este tratamento também se aplica nas peças fundidas.

          A estes bronzes podemos aplicar a têmpera de forma semelhante à dos aços.

          A cor destas ligas depende do teor em estanho, variando de avermelhado para 5% de estanho, até amarelo-claro partir de 15% de estanho.

          É usual adicionarem-se aos bronzes pequenas quantidades de outros elementos como o chumbo, o zinco e o fosforo, com o objetivo de melhorar algumas das suas características, o que permite ampliar o seu campo de aplicação.

          Assim por exemplo:

          - O chumbo melhora a maquinabilidade;

          - O fósforo desoxida e eleva as propriedades antifricção (dureza e tenacidade).

 

          Classificação dos bronzes

          Os bronzes podem dividir-se em três grandes grupos: os bronzes comuns, os bronzes fosforosos e os bronzes especiais.

 

          Ao bronzes comuns

          Os bronzes comuns são ligas binárias de cobre e estanho, com pequenas percentagens de outros elementos considerados como impurezas.

          Podemos dividi-los, de acordo com a percentagem de estanho, em macios, duros e extraduros.

          Bronzes macios – correspondem as ligas monofásicas, e aplicam-se em peças de decoração, torneiras, pequenas chumaceiras, etc.

          Bronzes duros – correspondem as ligas bifásicas até 17% de estanho. Aplicam-se na confecção de casquilhos, bronzes de chumaceiras, placas de escorregamento, juntas, e duma maneira geral, em peças sujeitas a forte atrito.

          Bronzes extraduros – são bronzes com percentagem de estanho elevada, geralmente superior a 20%, que se aplicam essencialmente na fabricação de instrumento musicais, devido a sua sonoridade típica, como é o caso dos sinos, sinetas, etc.

 

          Bronzes fosforosos

          São ligas de cobre e estanho, que foram submetidas a um processo de desoxidação pelo fósforo, e cuja percentagem de estanho esta compreendida entre 4 e 13%.

          Estas ligas aplicam-se em fundição, devido as boas características de fluidez. Utilizam-se frequentemente na fundição de mangas por centrifugação, obtendo-se um material com boas características mecânicas e isento de porosidades.

 

          Bronzes especiais

          Designam-se por bronzes especiais uma série de ligas de cobre-alumínio, cobre-silício, cobre-berílio, etc., as quais por vezes se encontram associados outros elementos.

          Bronzes de alumínio – são ligas formadas de cobre e alumínio, nas quais a percentagem de alumínio, não ultrapassa normalmente os 11%. Estas ligas, tem uma elevada resistência a tração, (atinge 35 kgf/mm2 para 10% de Al) e apresentam um alongamento máximo para 7% de Al.

          As características mecânicas podem ser melhoradas utilizando tratamentos térmicos, ou adicionando pequenas quantidades de outros elementos como:

          - Ferro, que aumenta a resiliência, e melhora a resistência a corrosão pelos ácidos acéticos e sulfúricos.

          - Níquel, que aumenta a resistência a rotura, a dureza, a resistência a corrosão pela agua do mar e reduz a fluidez.

          - Manganês, que atua como desoxidante, melhorando a resistência a tração, o limite elástico, a dureza, elimina os pontos duros e diminui o alongamento.

          - Magnésio, que melhora a resistência a corrosão e atua como dessulfurizante, etc.

 

         Latões

          Os latões são ligas binarias de cobre e zinco, aparecendo sempre outros elementos na sua composição que podem ser considerados como impurezas.

          Apesar da base ser formada por cobre e zinco, outros metais podem ser adicionados, e variando a quantidade e a proporção destes metais, alteram-se as propriedades da liga.

          Ocasionalmente se adicionam pequenas quantidades de alumínio, estanho, chumbo e arsênio para melhorar algumas das suas características. É bastante maleável (mais que o cobre ou o zinco separadamente), dúctil, resistente a choques e um bom condutor de energia térmica e energia elétrica.

          O latão possui um ponto de fusão relativamente baixo e pode ser fundido facilmente em pequenos fornos especializados. Este ponto de fusão não é fixo, pois depende da quantidade e da proporção dos metais que forem utilizados na sua composição.

           No geral, o ponto de fusão do latão situa-se entre 900 °C e 940 °C. Por estas características o latão pode ser forjado, fundido, laminado e estirado a frio de maneira mais fácil do que os próprios metais que o compõem.

          Esta liga apresenta densidade maior que a dos aços, mas menor que as ligas de cobre, sendo de aproximadamente 8600 kg/m³. Tem uma cor amarelada semelhante à do ouro e é consideravelmente resistente a manchas.

          Classificação dos latões

          Os latões dividem-se geralmente em: latões comuns e latões especiais.

    

          Latões comuns

          Os latões comuns são constituídos por cobre e zinco, considerando-se como impurezas todos os outros elementos que eventualmente existam na liga.

          Estes latões, costumam dividir-se em dois grupos: os latões para fundição e os latões para forjar.

          Latões para fundição – são latões com pequenas percentagens de outros elementos que aumentam a fusibilidade e a moldabilidade das ligas.

          Latões para forjar – estes latões classificam-se de acordo com o tipo de constituintes em latões alfa e latões beta.

 

a)      Latões alfa: estes tem uma percentagem de zinco variável entre os 5 e 35%, até 20% de zinco apresentam uma cor avermelhada e a partir daí uma cor amarelada; por isso é usual dividi-los em dois grandes grupos: os latões vermelhos e os latões amarelos.

       

          Latões vermelhos:

          1. Latões com 5% de zinco, designados por ‘’ metal para dourar’’, que se utilizam para joelharia como imitação do ouro.

          2. Latões com 10% de zinco, designados por ‘’ bronze comercial’’ e que se utilizam como imitação de ligas de bronze em joelharia.

          3. Latões com 15% de zinco, designados por latões ‘’ semivermelhos’’, utilizam-se na fabricação de radiadores para automóveis.

          4. Latões com 20% de zinco, designados por ‘’ latões baixos’’, utilizam-se na fabricação de tubos flexíveis.

 

          Latões amarelos

          1. Latões com 25% de zinco, designados por ‘’ latões de molas’’, empregam-se no fabrico de molas.

          2. Latões com 30% de zinco, designados por ‘’ latões de cartucho’’, utilizam-se em trabalhos de estampagem a frio, dada a sua elevada ductilidade.

          3. Latões com 35% de zinco, designados por’’ latões altos’’, utilizam-se no fabrico de agulhas para cromar.

  

     b) Latões alfa-beta

          Latões com percentagem de zinco entre 36 a 42%, designados por Muntz Metal, são menos dúcteis do que os do grupo alfa, pelo que não podem ser forjados a frio, mas são facilmente maquináveis, pelo que se empregam na obtenção de peças por arranque de aparas.

          A sua tensão de tração varia entre 35 a 42 kgf/mm2 e o alongamento de 15 a 30%, valores semelhantes aos de um aço macio ao carbono.

 

          Latões especiais

          Os latões especiais são ligas ternárias de cobre e zinco com um terceiro elemento que pode ser o alumínio, o níquel, o chumbo, o silício, o berílio, etc.

          Estas ligas tem propriedades semelhantes aos latões comuns, geralmente de custos mais reduzidos e apresentam características particulares, próprias do metal adicionado.

          Assim, como no caso dos ferros, nos latões poderíamos introduzir a noção de zinco equivalente e, a partir daí, inferir as propriedades de cada liga considerada.

          Vejamos rapidamente quais os principais tipos de latões especiais:

 

1.      Latões de alumínio

          A adição de alumínio eleva a resistência a tração o limite elástico, e melhora a resistência a oxidação pela formação de uma película de alumínio impermeável, reduz ainda a perda de zinco por evaporação e aumenta a resistência a corrosão.

          A liga conhecida por ‘’ yocalbro’’ é muito utilizada em canalizações para agua salgada na indústria de construção naval.

         

2.      Latões de chumbo

          O chumbo é insolúvel no cobre, permanecendo nos latões em forma de pequenas bolsas, a sua presença melhora a maquinabilidade pelo seu efeito lubrificante, embora diminua ligeiramente a resistência mecânica. Utilizam-se na fabricação de peças sujeitas a atrito.

 

3.      Latões de estanho

          O estanho aumenta a resistência a tração, o módulo de elasticidade e melhora a resistência a corrosão, especialmente pela agua do mar. Não deve empregar-se em percentagem superior a 10% por dar origem a precipitação.

          As variedades mais utilizadas na indústria de construção naval são o ‘’ Admiral Bronze’’ (71% Cu; 28% Zn; 0,9 a 1,2 de Sn, 0,75 Pb; 0,06% Fe) e o ‘’ Naval Brass’’ (60% Cu; 39,25% Zn; 0,75% Sn); o primeiro emprega-se em tubos de condensadores e o segundo utiliza-se na substituição do Muntz Metal nos casos em que é necessário melhorar a resistência a corrosão.

         

4.      Latões ao silício.

          O silício aumenta a fluidez do banho em fusão e a resistência a tração a ao choque.

          O latão ao silício mais conhecido é o ‘’ Bronzil’’ ou ‘’ Silicon Bronze’’ (85% Cu; 10% Zn; 5% Si) que se emprega no fabrico de válvulas, bombas, engrenagens, etc.

 

5.      Latões complexos

          Existem latões especiais, designados por latões complexos, constituídos por mais do que um elemento de liga adicional e que revelam elevada resistência a corrosão.

         Entre os constituintes mais comuns distinguem-se:

          - O manganês, que melhora a resistência a tração, o modulo de elasticidade, o alongamento e atua como desoxidante.

          - O ferro, que afina o grão, aumenta a resistência a tração e o modulo de elasticidade.

          - O chumbo, o alumínio, cuja ação especifica é semelhante a referida para os latões especiais.

          Estas ligas empregam-se frequentemente em construção naval.

 

          Aplicações gerais dos latões

          Podemos dizer que, pra além das aplicações especificas já referidas, os latões:

          - ricos em cobre, aplicam-se em joalharias e adornos.

          - amarelos, dada a sua ductilidade, aplicam-se no fabrico de peças embutidas e estampadas.

          - os latões especiais, dada a sua resistência a corrosão, aplicam-se na indústria de construção naval.

        Porém, duma forma mais generalizada, essa liga metálica é aplicada, por exemplo, na fabricação de tubos de condensadores, armas, cartuchos de munição, torneiras, cadeados (a parte dourada), rebites, núcleos de radiadores, instrumentos musicais de sopro, aparelhos médicos e cirúrgicos, ornamentações, joias e bijuterias, terminais elétricos, tachos e bacias, moedas, parafusos, arames, vergalhões, válvulas, rodas para carro, entre outros.

 

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