PROCESSO DE PRODUCAO DO FERRO FUNDIDO

 

Produção do ferro fundido

 

          As gusas da primeira fusão que se obtém após o vazamento do alto-forno, são ligas ferro-carbono de composição química muito semelhante à dos ferros fundidos.

          Apesar disso, só excepcionalmente são usadas como fundições dado que:

          - as suas características mecânicas são fracas;

          - tem elevada dureza e portanto revelam fraca maquinabilidade;

          - são produzidas em quantidades muito elevadas para as necessidades da maioria das fundições;

          - não permitem uma afinação adequada, dada a dificuldade de prever com rigor a composição de cada vazamento.

          Por isso, a gusa da primeira fusão que se destina a produção dos ferros fundidos é vazado em lingoteiras onde solidifica. Após a solidificação, os lingotes são referenciados de acordo com a sua composição química. Finalmente, procede-se a uma segunda fusão, em fornos adequados, com o fim de se obterem os ferros fundidos com a composição química pretendida e em quantidades compatíveis com as necessidades das fundições.

          Entre os fornos mais utilizados para esta segunda fusão, podemos referir:

                    - os cadinhos

                    - os fornos de reverbero

                    - os cubilotes

                    - os fornos elétricos.

          Os cadinhos permitem obter ferros fundidos de boa qualidade, mas em pequenas quantidades, pelo que é limitada a sua utilização.

          Os fornos de reverbero, possibilitam a obtenção de elevadas produções, mas de fraca qualidade, dado o seu difícil controlo. Utilizam-se essencialmente para a produção de gusas brancas de afinação.

          O cubilote é um forno muito antigo, mas que continua a ser utilizado devido ao seu elevado rendimento térmico e a sua relatividade de fácil regulação. Destina-se essencialmente a produção de ferros fundidos cinzentos e tem uma capacidade de produção média.

          Os fornos elétricos são os mais recentes e possibilitam a obtenção de ferros fundidos de alta qualidade.

          Dado que o funcionamento dos fornos elétricos é idêntico ao dos utilizados na obtenção dos aços, e os cadinhos e os fornos de revérberos tem uma aplicação industrial limitada, vamos estudar, ainda que de forma sumária apenas o cubilote.

 

          O cubilote

          O cubilote é um forno de forma cilíndrica, de 6 a 8 metros de altura, suportado por uma estrutura
de chapas de aço revestido por tijolos refratários, geralmente sílico-aluminosas, com cerca de 0,2 metros de espessura.


          De baixo para cima, podemos dividi-lo em quatro zonas

          Zona 1:

          - Cadinho: Parte inferior onde se deposita a gusa fundida e cuja placa do fundo, em forma de plano inclinada, é desmontável para permitir o acesso ao seu interior.

          Na parte mais baixa da placa existe um furo, o alvado, que se destina ao escoamento do ferro fundido. Um pouco mais acima, existe um orifício, chamado escoriador, que se destina a purga da escoria.

          Do lado oposto ao alvado, encontra-se a parte de queima, pala qual se inicia o aquecimento do forno.

 

          Zona 2:

          - Região que começa ao nível dos algaravizes e que corresponde ao local onde se dá a combinação do oxigênio com o carbono, formando-se o dióxido de carbono. É a zona onde a temperatura é mais alta.

 

          Zona 3:

          - Região onde se dá a redução do dióxido de carbono, originando, por isso, um abaixamento da temperatura.

 

          Zona 4:

          - Cuba: Parte superior, onde se verifica o aquecimento progressivo das cargas, e no cimo do qual se encontra uma abertura lateral, a boca, por onde estas se efetuam.

          A seguir a cuba, existe um chaminé, em cima da qual se encontra uma câmara de faulhas, dispositivo que se destina a evitar a projeção de materiais incandescentes.

         

          Para iniciar o funcionamento do cubilote, é necessário colocar madeira sobre a placa do fundo e, por cima desta uma camada de coque.

          Inicia-se o aquecimento provocando a combustão da madeira através da porta de queima.

          A combustão da madeira permite eliminar a humidade e iniciar a combustão do coque.

          Só depois do cubilote quente de procede a carga, que se efetua em camadas alternantes do coque, minério e fundente, na proporção de 10: 100: 3, respectivamente.

          O processo inicia-se fazendo funcionar o ventilador que força a passagem de ar através dos algaravizes, originando uma corrente gasosa ascendente.

          Esta corrente vai provocar a formação do CO2 com grande elevação da temperatura, para valores de ordem dos 1700°C, responsáveis pela fusão da carga.

          No seu trajeto ascendente, os gases vão encontrar outras camadas de coque, verificando-se a decomposição de parte do CO2, com o consequente abaixamento da temperatura.

          Ao descer, a carga aquece rapidamente (velocidade de descida da carga deve ser idêntica a velocidade de combustão do coque), começando a fundir na marte média da cuba, verificando-se a fusão completa bastante acima dos algaravizes.

           Continuando a descer, o metal, já liquido, é sobreaquecido ao passar pela zona 3 e 2 e acaba por se depositar no cadinho, onde a temperatura baixa ligeiramente.

          É importante referir que, ao contrário do alto-forno, a atmosfera não é redutora mas oxidante, pelo que é necessário tomar precauções para que as percentagens de silício e manganês não baixem muito.

          As perdas de silício são de ordem dos 10 a 35% e as de manganês de 15 a 50%.

          Dado que existe enxofre no coque, é necessário adicionar uma quantidade suplementar de manganês (aproximadamente 1,7x%S) para eliminar este elemento tão prejudicial.

          O controlo da marcha deste forno é feito através da regulação do ventilador, o que permite variar a quantidade de oxigênio admitido de acordo com a carga e o tipo de ferro fundido pretendido.

          O teor em carbono das ligas assim obtidas varia geralmente entre 2,9 e 3,6%, podendo obter-se, em certas condições, ligas com percentagens de carbono a partir de 2,2%.

          O vazamento do ferro fundido realiza-se pelo alvado a intervalos regulares (20 minutos).

          Dado que as quantidades vazadas são limitadas, utiliza-se por vezes, um dispositivo, chamado antecrisol, o qual armazena o ferro fundido de vários vazamentos.

          O orifício para a purga das escórias deve estar sempre aberto, para impedir que estas obstruam os algaravizes,

          Atualmente utilizam-se cubilotes alimentados por ar quente, o que permite eliminar as perdas de silício e manganês, dado que a combustão do carbono se efetua na quase totalidade ao nível dos algaravizes o que limita a zona redutora e, portanto, a possibilidade de oxidação do Si e do Mn.

          A utilização dos cubilotes de ar quente é limitada por implicar custos de exploração muito mais elevados, por não permitir obter ferros fundidos com baixo teor de carbono, por obrigar a elevados consumo de agua para arrefecimento e por aumentar os riscos de explosão e intoxicação (elevada % de CO).

 

 

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