SOLDADURA AUTOGENA

 

    Soldadura autógena 




          

          o termo soldadura autógena ou, melhor soldadura por autogênese, foi a princípio apenas empregado para designar a soldadura ao maçarico oxiacetilénica, mas atualmente, é utilizado para designar qualquer processo de soldadura por fusão dos bordos das peças a unir, como a soldadura elétrica por arco, a soldadura a hidrogênio atômica, etc.

          A soldadura autógena é o resultado deu m conjunto de operações em que se obtém quer por fusão (chama de maçarico, arco elétrico, hidrogênio atômico ou metal liquido), quer por pressão (com a forja, com o gás de agua, ou elétrica por resistência) a união de peças metálicas da mesma natureza, com ou sem adição de metal complementar da mesma natureza das peças a soldar ou contendo elementos melhorados, de modo a conseguir-se um conjunto homogêneo tal como a zona de soldadura apresente as mesmas características físicas, químicas ou mecânicas do metal ou liga que constitui as peças a soldar.

 

          Soldadura autógena oxiacetilénica

          A soldadura oxiacetilénica é atualmente a que permite todos os trabalhos, desde os mais simples aos mais complicados, oferecendo soldaduras perfeitas de todos os metais ou ligas usuais quando executada por soldadores competentes.

          A fusão dos bordos das peças e da vareta do metal de adição obtém-se pela chama resultante da combustão duma mistura do acetileno e do oxigênio em proporções sensivelmente iguais. Os dois gases são inflamados a saída dum aparelho chamado maçarico e, portanto, para a realização duma soldadura oxiacetilénica é preciso dispor:

                    - Oxigênio.

                    - Acetileno.

                    - Aparelhos e acessórios para utilização destes gases.

         

          Oxigênio – O oxigênio, que não soldadura oxiacetilénica serve de comburente, é um elemento que existe em grande quantidade a superfície da terra e sob diversas formas. Encontra-se no ar misturado com o azoto numa percentagem de 1:5 do seu volume e na agua combinado com o hidrogênio na relação de 8:9 do deu peso.

          Industrialmente obtêm-se o oxigênio quer pala eletrólise da agua por meio duma corrente elétrica, quer pela destilação fraccionada do ar, sendo este último processo o mais utilizado por ser mais rápido e econômico.

          Sendo, como todos os gazes, compressível, o oxigênio é fornecido a indústria comprimido a uma pressão considerável em tubos de aço, a que se dá o nome de garrafas.

          Numa das extremidades da garrafa existe um bocal apropriado que não só possui torneiras ou válvulas para fechar a saída do oxigênio, também, tem uma parte roscada para a montagem dum redutor de pressão ou mano-redutor o qual, normalmente, possui dois manômetros: um para dar a pressão dentro da garrafa e o outro para dar a pressão de utilização do oxigênio após a redução verificada.

          As garrafas de oxigênio não devem estar ao sol nem próximas de fontes calorificas o que provocaria um grande aumento da pressão. A válvula deve ser aberta lentamente e manejada com as mãos limpas. O oxigênio sob pressão oxida violentamente as substâncias gordas (óleos) podendo provocar a sua inflamação.

 

          Acetileno – O acetileno é um gás incolor que contem 92,3% de carbono e 7,7% de hidrogênio. Desde que não esteja misturado com o oxigênio, à pressão normal ou a baixas pressões não é explosivo; porém a altas pressões pode originar uma explosão desde que se bata com violência no invólucro que o a contém. A mistura de oxigênio e acetileno é explosiva bastando uma pequeníssima chama para provocar a explosão.

          Industrialmente o acetileno obtém-se fazendo atuar a agua sobre a Carbide – carboneto de cálcio – o qual se obtêm na indústria fundindo, em fornos elétricos, uma mistura de carvão e cal em certas proporções. O carboneto de cálcio é fornecido à indústria em tambores ou barricas de chapa de aço, hermeticamente fechados. Recomenda-se a abertura desses tambores com um escopro de bronze extra-duro afim de não provocar quaisquer chispas ao cortar o aço. As quais poderiam dar origem a uma explosão. É que dentro pode haver uma mistura explosiva do oxigênio do ar que tenha ficado entre as pedras do carboneto e de algum acetileno que se possa ter formado pela humidade desse ar com o carboneto.

          Teoricamente 1 quilograma de carboneto dá cerca de 350 litros de acetileno. Porém, na prática, devido as impurezas do carboneto de cálcio, apenas se obtêm 250 a 300 litros de acetileno.

 

          Geradores de acetileno – dos geradores utilizados na indústria existem variadíssimos tipos que, fundamentalmente, se reduzem a três:

                    - Geradores de contato.

                    - Geradores de queda de água no carboneto.

                    - Geradores de queda do carboneto na água.

          Vejamos resumidamente cada um destes três tipos de geradores.

 

          Geradores de contato – neste tipo de geradores a carga do carboneto é levada ao contato com a agua sempre que haja consumo de gás.

          Este contato pode ser efetuado de uma maneira. Ou o carboneto é fixo e a égua móvel a qual é, então, arrastada pela pressão do gás; ou o carboneto é móvel e a agua fixa e, neste caso, a carga do carboneto é ligada a campânula do gasômetro seguindo os movimentos deste.

         

          Geradores de queda de água no carboneto – são dos mais utilizados na indústria e podem ser de campânula móvel ou de gasômetro fixo.

          Nestes geradores a agua escoa-se, automaticamente e por fracções, na gaveta do carboneto consoante as necessidades do consumo.

          Nos geradores de campânula móvel o movimento descendente da campânula comanda a queda de agua por um dispositivo de torneira ou de sifão.

          Nos geradores de gasômetro fixo o funcionamento automático é produzido pelo desnivelamento da agua ou pela diferença de pressão.

 

          Geradores de queda do carboneto na agua – este geradores tem vários inconvenientes principalmente os de alimentação mecânica. Se a válvula de distribuição parar, toda a carga de carboneto cairá na agua e isso poderá causar acidentes graves. Outro inconveniente é de necessitar carboneto partindo em pequenos pedaços o que dá algum prejuízo e necessitar de frequentes paragens para limpeza.

          Têm, no entanto, vantagens como o de ocuparem pouco espaço e serem de uma grande variabilidade de débito devido a rapidez de decomposição do carboneto granulado.

          Podem ser de queda de carboneto manual ou automática. O automatismo é realizado por meio de alcatruzes que recebem o carboneto e cuja abertura é provocada pela descida da campânula móvel quando o gás contido no gasômetro é consumido. Assim, o carboneto cai na agua que pode ser a do gasômetro ou outra contida num recipiente separado.

 

          Depurador de acetileno – mesmo que o carboneto de cálcio seja considerado bastante puro, o gás produzido pelos geradores contém sempre impurezas sob a forma de hidrogênio fosforado e hidrogênio sulfurado que são muito prejudiciais. Se o acetileno não for depurado o fosforo e o enxofre, no momento da soldadura serão absorvidos pelo metal, tornando aquele menos resistente.

          Por esse motivo faz-se a depuração do acetileno na própria oficina, logo a saída do gerador, fazendo-o travessar várias camadas de materiais capazes de fixar aquelas impurezas por reação química. Como produto depurador citamos o catalisol que tem a vantagem de se poder recuperar expondo-o ao sol mas recomenda-se  a sua substituição periódica pois, como é evidente, a passagem do gás através da substância depuradora enfraquecida torna-se inútil. Por essa razão deve controlar-se de tempos a tempos a regularidade da depuração.

 

          Válvula hidráulica – numa representação esquemática duma instalação de vários postos de soldadura a baixa pressão podemos verificar que geralmente o gerador fica instalado fora da oficina. Isto tem por fim evitar qualquer emanação de gás o que poria em risco a segurança dos operários. Além disso, verificamos mais que, no trajeto de distribuição através da oficina, o acetileno é só utilizado após a passagem duma válvula hidráulica. A missão desta válvula é impedir qualquer retorno de oxigênio da garrafa até ao gerador causado pelo mau funcionamento do maçarico, retorno esse que poderia causar a explosão do gerador com todas as lamentáveis consequências.

 

          Maçarico soldador – os maçaricos soldadores oxiacetilénicos são aparelhos muito simples, leves para poderem ser facilmente manejáveis, nos quais se opera a mistura do oxigênio e do acetileno nas proporções e condições de segurança exigidas para a execução do trabalho.

          A composição da mistura é regulada por duas torneiras e o débito do aparelho é realizado por meio dum bico, em cobre, cujo orifício é calibrado. Os maçaricos de débito variáveis são os mais espalhados e, geralmente como cada aparelho é fornecida uma série de 5 ou 7 bicos que permitem, por exemplo os débitos seguintes: 25; 50; 75; 100; 150 e 250 litros de gás por hora.

          A potência dum maçarico é designada por um número que representa o número de litros de acetileno que o maçarico queima por hora. O seu débito pode variar desde 10 litros por hora nos maçaricos mais pequenos até 5000 litros por hora nos grandes maçaricos.

          Os maçaricos soldadores do tipo mais moderno são de débito variável o que se obtêm, como já dissemos, pela simples mudança da lança ou do bico e, ainda, pela regulação do injetor o qual possui interiormente uma agulha cônica comandada por um pequeno volante permitindo regular com precisão, para cada lança ou bico, a mistura do oxigênio com acetileno.

          Podemos ainda classificar os maçaricos em:

                    - maçaricos de baixa pressão;

                    - maçaricos de alta pressão.

          Nos primeiros, a pressão do acetileno é da ordem dos 8g/cm enquanto que nos segundos é de ordem dos 100 a 400g/cm. Quanto a pressão do oxigênio esta é a mesma qualquer que seja o tipo de maçarico e o bico que se utiliza, variando de 1 a 3 kg/cm.

          Os consumos do oxigênio e do acetileno são sensivelmente iguais.

         

          Regulação da chama do maçarico soldador – se o maçarico está afinado há sempre, no momento em que se acende, um excesso de acetileno que se nota facilmente na chama a qual é carburante apresentando um dardo irregular.

          Para acender um maçarico e, em seguida regular a chama convenientemente, é preciso proceder primeiro as seguintes operações:

          1 – Verificar se a porca de regulação do redutos de pressão do oxigênio está toda desapertada.

          2 – Em seguida abrir lentamente a torneira da garrafa de oxigênio.

          3 – Depois, pouco a pouco, apertar a porca de regulação do redutor de pressão até que a agulha do manômetro de baixa pressão estacione no valor desta que se vai utilizar.

          4 – abrir totalmente a torneira do acetileno e chegar uma chama ao bico que se acende logo com um pequeno estalido.

          Para regular, então, a chama fecha-se progressivamente a torneira do acetileno do maçarico até se conseguir obter a saída do bico, um dardo branco de contorno bem definido, que constitui a chama fundente normal, neutra, sem excesso nem do oxigênio nem do acetileno.

 

          Maçarico de corte – o maçarico de corte oxiacetilénico destina-se apenas a cortar os metais ferrosos que não contenham grande percentagem de carbono ou de outros elementos que sejam facilmente oxidáveis. É que, dentre todos os metais e ligas usuais, o ferro e os aços são os únicos que se queimam no oxigênio e, por isso, o corte com o maçarico só pode ser aplicado as peças de ferro e de aço vulgar ao carbono.

          Na sua constituição, o maçarico de corte não é mais do que um maçarico soldador com uma injeção especial do oxigênio que se destina a oxidar violentamente a zona previamente aquecida pelo próprio maçarico. É que, para começar a reação, é necessário levar ao rubro-vivo o ponto a partir do qual deve começar o corte antes de enviar sobre aquele ponto o oxigênio do corte. No entanto, apesar do calor desenvolvido pela combustai do material e para compensar a perda por condutibilidade, é necessário fornecer, durante toda a operação de corte, uma quantidade de calor suplementar para manter o metal ao rubro vivo sob o jacto de oxigênio, não só à superfície como em toda a espessura da peça a cortar. Esse excesso de calor, como é evidente, deve ser proporcional a esta espessura.

          Os maçaricos cortadores podem ser de jato de corte central e chama de aquecimento anular, ou de jacto de corte e chama de aquecimento separados. Os primeiros oferecem a vantagem de permitir a execução de cortes em todos os sentidos ao passo que os segundos não.

 

 

 

 

       

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